Dia desses, alguém fez um comentário no twitter comparando desfavoravelmente o cinema brasileiro diante do hollywoodiano – o tipo de injustiça que sempre me tira do sério. Já enfrentamos preconceitos demais em relação à nossa produção e, assim, ler este tipo de ataque é algo não só falso, mas perigoso. Há algum tempo, por exemplo, iniciei uma discussão com a diretora de Desenrola depois que esta, orgulhosa, retuitou um comentário feito pelo apresentador Pedro Bial no qual este, citando seu filho, elogiava o filme dizendo que “de tão bom, parecia americano”. Ora, se até mesmo cineastas brasileiros se mostram dispostos a reforçar esta impressão, como podemos esperar que o público prestigie nossas produções?
Infelizmente, porém, este preconceito é extremamente comum…
Dia desses, alguém fez um comentário no twitter comparando desfavoravelmente o cinema brasileiro diante do hollywoodiano – o tipo de injustiça que sempre me tira do sério. Já enfrentamos preconceitos demais em relação à nossa produção e, assim, ler este tipo de ataque é algo não só falso, mas perigoso. Há algum tempo, por exemplo, iniciei uma discussão com a diretora de Desenrola depois que esta, orgulhosa, retuitou um comentário feito pelo apresentador Pedro Bial no qual este, citando seu filho, elogiava o filme dizendo que “de tão bom, parecia americano”. Ora, se até mesmo cineastas brasileiros se mostram dispostos a reforçar esta impressão, como podemos esperar que o público prestigie nossas produções?
Infelizmente, porém, este preconceito é extremamente comum e indubitavelmente tem origem na vergonhosa qualidade da nossa filmografia durante a década de 80, quando técnica, temática e narrativamente produzimos os piores trabalhos de nossa História – algo compreensível se considerarmos o contexto político da época e a maneira equivocada com que a Embrafilme selecionava os projetos que iria bancar (o que tampouco justificou a decisão de Collor e Ipojuca Pontes de extinguí-la, destruindo nosso Cinema por cinco longos anos). O fato é que antes e depois deste período o Cinema brasileiro sempre se mostrou riquíssimo – e nosso passado traz não apenas cineastas admiráveis, mas também responsáveis por empurrar os limites da Sétima Arte em suas épocas (vide Mário Peixoto, Humberto Mauro e Gláuber Rocha). Da mesma forma, sempre defendi que temos os melhores documentaristas do mundo e mantenho esta posição sem hesitação.
Mas não só isso: em função de nossa imensa dimensão territorial, o Brasil se mostra imensamente diversificado em sua produção, já que temos pólos cinematográficos, maiores ou menores, em todas as regiões do Brasil (ao contrário dos Estados Unidos, que basicamente concentra sua produção nas costas Leste e Oeste, ou seja: Nova York e Los Angeles) – e só isto explica como, num mesmo ano, somos capazes de produzir obras tão distintas do ponto de vista temático, estético e narrativo quanto, por exemplo, Cidade Baixa, Cinema, Aspirinas e Urubus, Xuxinha e Guto Contra os Monstros do Espaço e Jogo Subterrâneo.
E, sim, citei um filme da Xuxa como exemplo desta diversidade, já que tampouco afirmei que não produzimos porcarias. Ora, quanto mais longas forem realizados, mais decepções serão lançadas – isto é uma questão de lógica e estatística. Ainda assim, somente nos últimos dez anos realizamos tantas obras admiráveis que, defendo com convicção, podemos facilmente nos considerar como uma das cinematografias mais ricas da atualidade.
Aliás, quando afirmei isso no twitter, um leitor me desafiou a listar vinte filmes que comprovassem isso.
Vinte?
Nah... é pouco.
E percebam que deixei de incluir vários filmes que têm seus admiradores, mas dos quais particularmente não gostei (ou mesmo que detestei) ou que, mesmo gostando até certo ponto, não julgo merecerem figurar numa lista de “longas admiráveis”. Entre eles: Abril Despedaçado, Caramuru – A Invenção do Brasil, Carandiru, Cazuza, Chico Xavier, De Passagem, A Dona da História, Durval Discos, Encarnação do Demônio, Lisbela e o Prisioneiro, Lula – O Filho do Brasil, Meu Nome Não é Johnny, Nosso Lar, Olga, O Outro Lado da Rua, A Partilha, Proibido Proibir, Quase Dois Irmãos, Se Eu Fosse Você, O Xangô de Baker Street e Zuzu Angel. Além disso, mesmo admirando-as, evitei incluir co-produções com outros países, como Um Passaporte Húngaro, Diários de Motocicleta, Ensaio Sobre a Cegueira, José & Pilar, O Banheiro do Papa e Lixo Extraordinário, embora a participação brasileira nestes projetos seja de importância indiscutível.
Agora… se depois de ler esta lista alguém ainda insistir em associar o nosso Cinema com as porcarias produzidas ao longo de apenas uma única década em meio à nossa riquíssima e extremamente diversificada trajetória cinematográfica, bom… aí o caso é de cegueira. Ou de puro preconceito.
OBSERVAÇÕES FINAIS: É claro que, como toda lista, esta encontra-se incompleta. Eu a compilei basicamente dando uma rápida olhada nas minhas listas de fim de ano e, assim, certamente há vários longas que mereciam estar ali e ficaram de fora por esquecimento ou porque simplesmente eu não os vi. Corrigirei as injustiças aos poucos. ;)
E NÃO SE ESQUEÇAM: esta lista acima inclui apenas filmes lançados de 2001 em diante.
ATUALIZAÇÃO: desde que publiquei o texto acima, acrescentei vários novos trabalhos; a lista está em constante estado de evolução.