Paixão Selvagem é o primeiro western e primeiro filme colorido de Tourneur, mas impressiona a maturidade do uso das cores e a composição cirúrgica de cada quadro, seja quando utiliza o poder da imagem para reforçar a ilusão idílica da comunidade americana que supostamente firma suas bases em uma terra pura, seja quando ressalta o quanto este sonho de conquista de um território puro é inviabilizado pela própria natureza das coisas (especialmente a natureza violenta, viciosa e corruptível dos homens…
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Model Shop 1969
As obras mais populares de Jacques Demy costumam evidenciar o artificialismo da encenação em suas imagens, tornando-o elemento vital para a mise-en-scène. Entretanto, é em O Segredo Íntimo de Lola (Model Shop) que o cineasta francês, durante viagem a Los Angeles no final da década de 1960, filma sua declaração de amor mais direta ao próprio cinema e à arte de, por meio dos filmes, aprender a olhar o mundo com uma outra sensibilidade.
Demy transporta à América não apenas…
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Azor 2021
Em Azor, longa filmado na Argentina e dirigido pelo suíço Andreas Fontana, cada diálogo provoca um atrito entre as palavras pronunciadas e as não pronunciadas. Se “calar e falar são formas de intervir no futuro”, como escreve Javier Marías no maravilhoso Coração Tão Branco, vemos aqui um filme construído na tensão entre o que é exposto e o que apenas pode ser suposto, onde o espectador é estimulado a imaginar as razões e consequências dos atos - aquilo que verdadeiramente…
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Ver a Vista
Nos fotogramas da memória – Notas a partir de Ver a Vista e O Luto Impossível
Texto produzido a partir de dois filmes exibidos na Mostra de Curtas Gaúchos do Festival de Gramado 2020.
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Blade Runner 2049 2017
Villeneuve + Deakins + Zimmer + Gosling + Leto
Que combo insuportável de grandiloquência e suntuosidade inócuas. Mais um produto do cinemão blockbuster da opulência realista posuda que infectou Hollywood após Batman Begins, um enorme esforço de técnicos incapazes de lidar horizontalmente com o material, mais preocupados em atingir a perfeição etérea em seus próprios ofícios.
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Body Electric 2017
Representante de uma linha contemporânea ancorada num contexto cultural/social e pouco inventiva em suas formulações dramáticas. Esse até consegue instalar razoavelmente bem os espaços habitados, mas o protagonista e os demais personagens são tão vagos que se convertem em mais um dos tantos signos que preenchem a imagem para sustentar a pretensão sociológica, suas ações estão ali com uma importância equiparada à das máquinas de costura, das ruas periféricas vazias, dos ônibus e das garrafas de cerveja barata que bebem…
