Synopsis
During the Brazilian military government, journalist Estêvão is sent from Rio de Janeiro to Brasilia to cover the important statement of a minister, but takes the opportunity to deliver incriminating documents to another one.
1968 Directed by Maurício Gomes Leite
During the Brazilian military government, journalist Estêvão is sent from Rio de Janeiro to Brasilia to cover the important statement of a minister, but takes the opportunity to deliver incriminating documents to another one.
On Borrowed Time, La Vida Provisoria
Life after the abyss. The conspiratorial quality of the discussions, the rush of the priviliged moments between the lovers, those long walking scenes taken by a mix of nervous possibility and paranoia, the out of nowhere bursts of humor and the not so out of nowhere bursts of violence. Somewhere between Glauber Rocha's Terra em Transe and Orson Welles' The Trial, Brazil nightmarish public life around 1968, not so far from 2018 as it should.
Há muitos amores
Pelos filhos, pelos companheiros de luta
Todos os amores são belos
Mas é preciso não esquecer de lutar
Por pensar demais no amor
Ou não haverá mais amor nessa terra
"Talvez por ser o Brasil um país sentimental têm havido nos últimos anos tantos erros e desencontros. Mas tudo vai passar, tudo passará. E vencerão os que tiverem o coração simples."
é cruel, nossa salvação e danação estão no afeto. o país do futuro é um país condenado.
É um verdadeiro milagre que esse filme não tenha sido completamente destruído pela censura. Difícil até saber o que dizer, meio fútil tentar traduzir em palavras a potência das imagens desse daqui. Limito-me a colocar que provavelmente é um favorito instantâneo. E como diz a cartela que inicia o longa: "Um filme de ficção". Ou não...
O filme mostra bem a repressão da ditadura contra o jornalismo de oposição e a liberdade cada vez mais cerceada. E a censura pode recorrer até a assassinatos pra calar a voz da oposição, como ocorre com o Estevão.
Tem uma cena com um diálogo interessante sobre a visão dos gringos acerca do Brasil, que se resume a Copacabana. No máximo, pode ter alguém que ainda saiba da existência da Bahia por causa do folclore.
O título do filme remete àquela ideia de que a ditadura era pra ser uma coisa provisória, só pra restaurar a ordem, mas que durou 21 anos. Assim, a "vida provisória" sob a repressão do Estado acaba se alongando mais do que deveria.
Escandalosamente, este filme é completamente desconhecido, até mesmo entre os mais apaixonados defensores do Cinema Novo: encontrei uma menção a ele apenas num livro do Alex Viany. Todos os demais entusiastas do cinema brasileiro o ignoram. Por que será? censura, talvez? seja como for, o descobri por acaso, graças a um integrante da nova geração cinéfila e fiquei apaixonado: é soberbo!
Como potencial jornalista, apaixonei-me por completo pela saga promíscua e dolorosa de Estevão, anunciada tragicamente desde a abertura narrada por outrem, mas não invalidade enquanto ímpeto de resistência em momento algum. Apesar de ser um herói ideológico, o protagonista não é mostrado como santo. Muito pelo contrário: testemunhamos e aproximamo-nos de todas as suas dúvidas, paixonites e desesperanças, de…
Um filme provisório
por Jairo Ferreira
Carlos Diegues (um brado retumbante vem aí: "Os Herdeiros"), escrevendo uma orelha sobre Jean-Luc Godard observou que este já era diretor quando fazia crítica, e continuou crítico quando passou a dirigir. Eruditos, ou tecnólogos da cultura, como José Lino Grunewald (mais de poesia e literatura) ou Sérgio Augusto (mais de cinema), não fazem cinema com uma Arriflex: metralham 24 imagens por segundo na redação de jornal. Maurício Gomes Leite, que começou como crítico nos anos 50, realizou "A Vida Provisória" como se estivesse escrevendo no JB, e de fato continua aí, de óculos escuros e fumando muito, como Godard. Sobreviver fazendo arte cinematográfica é dificílimo, mas quem não passa nesse estágio tem menos possibilidade…
— paula, entenda, a gente pode deixar de se ocupar com a política, mas a política nunca deixará de se ocupar com a gente.
— mas a política é cruel, veja estevão, os cinco intelectuais presos na frente do hotel capri, eles receberam todas as atenções do jornais, todos pedem por eles, inclusive você que se arrisca pessoalmente. mas, alguém disse alguma coisa sobre o estudante que teve a mão cortada por uma bomba no mesmo dia? os intelectuais são os intelectuais, agora o estudante é um completo desconhecido.
[...]
— o brasil, paula, é sentimental. um país feito de gente forte, mas simples. que briga por tudo. mas, cede no jantar. e, é nesse brasil que eu penso. no…
"As primeiras imagens de A Vida Provisória já evidenciam o seu marcante pessimismo. Copas de árvores filmadas contra um céu branco, acompanhadas por uma trilha clássica; o olhar incerto de uma mulher contra um fundo difuso, sua maneira preocupada de tragar o cigarro, seu andar vagaroso pelas ruas; ou as fachadas carcomidas de apartamentos residenciais. O diapasão do longa-metragem é o derrotismo diante da perspectiva modernizante do governo por vir, uma referência direta ao projeto político-econômico militar, expresso principalmente na forma como o filme resolve a dinâmica entre exteriores e interiores. Do lado de fora, estão as visões austeras, em um chiaroscuro quase expressionista, de cidades modernas onde nos sentimos mais encurralados contras as paredes grossas dos prédios do que…