Synopsis
Images and sounds surround a church and a butchery.
2018 Directed by João Pedro Faro
Images and sounds surround a church and a butchery.
Horror within our society's cornerstones, christian iconography and the market's violence, disturbing in how its mathematical approach to rhythm dictates the flow of the images and gives it an orderly oppressive feeling, a commentary on the roots of capitalism - when a systematized dogmatic system of thought gives way to a systematized dogmatic method of killing, tracing a line from butchery to our economical organization. Law, order, money and their predicaments.
A morte empalhada e os tributos a ela. Bem implacável e melancólico nesse olhar aterrorizado diante do que escolhemos para cultuar e eternizar, da violência martirizada para elevar o ícone, e o que escolhemos para esquecer. Para transformar um cadáver em uma imagem persistente basta juntar as mãos, basta um gesto.
Funciona como uma alucinação imagética daquela ideia de que se você passar tempo demais repetindo/pensando em uma palavra ela perde completamente o sentido junto com diversas outras. E depois você esquece.
Vivissecção do Sagrado
Bem digno de nota o jeito como essa colagem opera quase que a partir de uma estrutura dialética, no sentido em que culmina numa síntese do sacro como algo também visivelmente visceral. O caráter de estranhamento, que surge do contraste entre o grotesco (e notadamente mundano) dos animais mutilados e dispostos no açougue, e o austero, da iconografia sagrada e pouco suntuosa, lentamente dá lugar a um novo sentido para estas imagens: a elas é atribuída uma carga de violência antes ocultada pela superfície do puramente frio e religioso, processo de ressignificação que parece explodir nos 3:32 do filme, momento a partir do qual, inclusive, ferramentas básicas da linguagem cinematográfica tomam outra dimensão, como o zoom in,…
I felt a big connection between this and Ferrara's Mary: the subject of materialism vs spiritualism and also the power of image (or in this case, still images). But mostly the whole film made me think of the ending of Andrey Rublev: a few minutes showing paintings that'll always be remembered after 3 hours of suffering and sorrow that'll never make it into any history book.
Trabalha com uma progressão de horror entre imagens de santos e carnes em um açougue. A petrificação desses elementos em tela, com sua proximidade e sobreposição, cria uma relação entre a carne e a devoção ao sagrado cristão: aquilo que somos devotos e sua equiparação quando ambos são dois aspectos do tradicional estilo de vida na sociedade capitalista, uma sociedade do consumo, seja da morte ou da fé.
Do profano ao hierático em uma marcha fúnebre imagética. Jesus não tem dentes no país dos banguelas. Gaia ciência, §125.
Nem conheço o garoto mas já considero pacas.
"A boca e seus silêncios
(de fome)
onde a pedra e sua inércia
a inércia e sua ferrugem
a ferrugem e suas heras
as heras e sua pedra"
_ Affonso Ávila (1961-62)
me lembrou, sei lá
A violência em seu tom mais melancólico, fúnebre e imagético. A morte e cultuamento da mesma em sua dualidade natural, sombreando o profano, ordinário, pífio e passando para o divino, impetuoso, categórico. Carne sobre carne, separada por símbolismos e devoções.
Religiosidade barroca complementando a superficialidade da indústria contemporânea; nossa busca constante e desesperada por deuses e símbolos que possam nos proporcionar paz ou prazer em sua forma mais pura.