Synopsis
On screen, a bride gets ready for her wedding day. Off screen, middle-class young women from Rio de Janeiro share their experiences and impressions concerning virginity, marriage, sex and politics.
1966 ‘A Entrevista’ Directed by Helena Solberg
On screen, a bride gets ready for her wedding day. Off screen, middle-class young women from Rio de Janeiro share their experiences and impressions concerning virginity, marriage, sex and politics.
Aqui vemos o porquê a classe média conservadora tinha tanto poder de fogo político nos anos 60, mulheres totalmente domadas pelo patriarcado, submissão total ao seus maridos e ao golpe, seus casamentos eram espelhos da ditadura.
Visto para o Curso de Cineastas Pioneiras Brasileiras da Joyce Pais na Casa Guilherme de Almeida.
As imagens dizem sobre a história de uma mulher a se casar, ao passo em que constroem a destruição que a moralidade patriarcal representa à democracia. Lindo.
Aquilo que a imagem constrói, a palavra destrói. Um confronto verbal-imagético por 20 minutos.
Essencial como estudo de cinema sobre forma e conteúdo. Se eu fosse professor ou pesquisador, adoraria fazer o exercício empírico de mostrar esse filme, sem o som e somente com as imagens, para uma plateia e coletar seus depoimentos. Depois, exibiria ele com som para uma outra plateia e coletaria seus depoimentos.
"Tenho horror de ser dominada por um homem"
O patriarcado não é um problema do mundo contemporâneo, mas sim anos de homens se sentindo no direito de comandar a vida de uma mulher como se tivessem a moral para julgar o que é certo e o que é errado. A sexualização do corpo feminino pelo patriarcado e a visão da mulher como um objeto sexual que permeou a cultura popular do mundo durante anos são evidenciados por Helena Solberg através dos 19 minutos de imagens e depoimentos audiovisuais poderosos por carregar o peso de séculos de controle masculino a respeito de como o sexo feminino deveria se portar. Valores conservadoristas que muitos persistem em manter até hoje. Os famosos "mas,…
Transgressivo ao ponto que mostra o destino de uma mulher (ou uma classe de mulheres pertencentes à burguesia brasileira), a partir de figuras infantis que caminham para a maturidade e, ao mesmo tempo, para o casamento, fim último. Ao mesmo passo que as imagens vão acompanhando a irmã da diretora, Glória Solberg, vozes em off tomam a narração, apresentando discursos distintos, mas não ambíguos. Penso que Helena Solberg trata da liberdade, bom, do almejo pela liberdade, e consequentemente a falta dessa liberdade nos discursos que seleciona. A mulher posta em uma condição de inferioridade acredita e reproduz o discurso.
Uma cena que me chama muito a atenção é quando vemos a noiva, já pronta, e ao lado dela surge uma criança, uma noivinha. Ambas se olham, como se uma soubesse o que finda a outra.
A ruptura das imagens nos últimos finais é destruidor. Reinventa o discurso, dá novos ares e impacta pela história. São diversos relatos que impressionam pela naturalidade e diferença de realidade dos debates atuais. E a simulação da ida ao casamento com as falas é a beleza disso tudo e o quanto seria diferente se não fosse assim.
“Eu sinto uma série de incoerências na minha vida. Eu resolvi aceitar minha ambiguidade em determinadas coisas, minha incoerência em determinadas coisas. Eu não consigo agir exatamente do jeito que acho que devo”
It's urgent to include this masterpiece among the best post-coup reflections in Brazil's sixties. A deep dive into the alienation of middle class women but also a seismograph sensible enough to perceive the glimpses of resistance. The clash between image and sound, the irony, the appropriated materials towards the end. Desperate, pessimist, lucid without being didactic. Miles ahead Jabor's The Public Opinion, but unfortunately much less known.
Ao contrário do modelo hegemônico de documentários feitos no Brasil na época, Helena Solberg não trata do "outro", mas de sua própria classe. Além disso, não apresenta um tom autoritário de argumentação, mas uma pluralidade de vozes e pensamento. Ela entrevista várias mulheres brancas de classe média, iguais a ela, e trata de questões caras à segunda onda do feminismo branco. Montagem inspirada de Sganzerla.
Do discurso narrado e do discurso visual, culminando no expurgo gerado pela junção dos dois. Quando Solberg finalmente coloca narração e imagem (diegeticamente) juntas há a libertação daquela personagem que tinha sua voz substituída pelas outras e, como resposta disso, o aprisionamento ditatorial dado pelas imagens estáticas.