• (500) Days of Summer

    (500) Days of Summer

    ★★★

    Boa parte do tempo lida bem com essa sua translucidez ao caracterizar toda sua personalidade — essas referências musicais definindo muita coisa dos personagens é um exemplo disso —, algo inclusive bastante típico desse gênero e que não deixa de ser abraçado de uma forma genuína aqui. Até consegue ser bastante decente com essa estrutura em momentos específicos, criando algumas boas imagens que, infelizmente, não parecem serem apreciadas. Soa como se essa montagem com pretensão de ser ‘’moderna’’ faça com…

  • A Good Marriage

    A Good Marriage

    ★★★★

    O domínio do Rohmer com o que ele tem em mãos é o que reflete toda essa leveza e fluidez de ‘’Le Beau Mariage’’. Não deixa de ser um dos seus filmes mais simples, mas me parece que é justamente essa familiaridade do cineasta com os elementos que acaba trazendo um olhar tão singelo. Dialoga com essa ideia básica de impasse e nem parece interessado em ir muito além. Não há aqui, como de costume, algum elemento propagando ideias intelectuais,…

  • Stray Dog

    Stray Dog

    ★★★★

    Notável o amadurecimento do Kurosawa aqui. Não só por lidar com a obrigação moral dos personagens e os aspectos do ambiente para criação de grandes momentos de uma forma excepcional, mas também porque encontra uma representação mais direta do Japão pós-guerra no meio disso. Seu personagem central passa a sofrer gradativamente pelos atos de violência que não estão em seu alcance, fazendo com que esse sentimento de responsabilidade se transforme em sua angústia. É um filme que lida muitíssimo bem com essa proximidade para renovar a abordagem desses temas que o diretor já havia exposto como plano de fundo de seus trabalhos.

  • The Man Who Sleeps

    The Man Who Sleeps

    ★★★★

    Vai ganhando cada vez mais textura em suas imagens. Começa com um texto tão expressivo que é notável como as representações se distanciam disso. Pouco a pouco, vai se desfazendo dessa distância, achando soluções mais agradáveis e criando um laço que chega ao ápice em conjunto com a verborragia. Inclusive, há pouco silêncio para um filme que trabalha especialmente o vazio, se dispõe mesmo a ser um poema entregue à desesperança genuína pautada no desinteresse humano de forma bastante intensa,…

  • Evenfall

    Evenfall

    ★★★★½

    Comtemplar a beleza das imagens, para no fim se entregar à escuridão. Se deixar escapar como a luz.

  • Chungking Express

    Chungking Express

    ★★★★½

    Enxergamos os personagens através da solidão, enquanto essas instabilidades se comunicam com a cidade e o vazio do filme. São, em teoria, personagens tentando se curar nesses espaços, ao tempo que a efemeridade palpável diante deles se torna melancólica e sentimental da melhor forma. Os pensamentos também tem validade, as pessoas mudam, é muito movimento e muita propaganda na imagem que nos cerca enquanto há qualquer tentativa de entendimento. Sobra a contemplação e os impulsos, estes muito bem explorados aqui.…

  • Your Place or Mine

    Your Place or Mine

    ★½

    Já é meio decepcionante o filme nascer como um derivado de tudo que a Aline Brosh McKenna já havia escrito até aqui, mas a coisa começa a ficar pior mesmo quando abraça todos esses estímulos visuais à la esses piores originais da Netflix. Como se tentasse comunicar através dessas ideias bem momentâneas e não com um sentimento de despretensão que combinaria muito com a espécie da dinâmica que propõe. Os atores, amplamente familiarizados com o gênero, se debruçam em um…

  • One Wonderful Sunday

    One Wonderful Sunday

    ★★★★

    Ainda que exista um constante conflito entre as ambições e as possibilidades como parte do drama principal, a profundidade narrativa é ampliada quando percebemos que os personagens são assolados pelas limitações que o presente e o passado os impõem. A partir daí o casal começa a tentar olhar para o futuro com mais carinho e vão, ao decorrer do filme, na verdade esquecendo do tempo e se debruçando cada vez mais em seus sonhos. Cada espaço vazio se preenche, inclusive…

  • Beau Is Afraid

    Beau Is Afraid

    ★★

    Sempre achei o Ari Aster mais um manipulador de atmosfera do que um diretor interessado em criar metáforas em si. Nos seus dois filmes anteriores, ‘’Hereditário’’ e ‘’Midsommar’’, drama e terror se contrapõe de maneira bem direta. Mesmo quando chega a flertar com alguma característica interna – como suas personagens perdendo a cabeça em algum ponto de clímax narrativo, algo que ressaltei ao escrever sobre ‘’Midsommar’’ em 2019, aqui repetindo esse mesmo padrão – soa mais como uma simbologia básica…

  • Night and Fog

    Night and Fog

    ★★★★½

    "De ce dortoir de brique, de ces sommeils menacés, nous ne pouvons que vous montrer l'écorce,
    la couleur."

  • Duel

    Duel

    ★★★★

    O que mais me impressiona é ver como o Spielberg lida muitíssimo bem com seu jogo cenográfico aqui, não atoa uma das coisas que possibilitou ele fazer este filme seja aquela primeira cena do episódio que dirigiu de ''Columbo''. É como se ele criasse um espaço interno nas escolhas dele, enquanto flerta muito bem com o tipo de história que tem em mãos. O espaço do filme fica ainda mais potente quando a gente percebe o cotidiano agindo na atmosfera…

  • Scream VI

    Scream VI

    ★★½

    Tão longe de ser uma reinvenção quanto de emular a sagacidade de Craven, ''Pânico 6'' ao menos se diferencia do seu antecessor ao ter maior noção da capacidade daquilo que consegue lidar.

    Se Wes Craven criou os filmes da franquia ''Pânico'' como uma forma de olhar para o cinema, o gênero e até mesmo para seus próprios truques, a nova dupla de diretores parece encarar uma espécie nostalgia à fórmula, reduzindo as inspirações ao que, por aquilo que se observa…