Desconfortável como poucos, Kubrick opera a câmera como alma penada em meio a um cemitério (e não é que é?).
Todo o cenário enlouquece junto da trilha sonora, que reforça esse desconforto e solidão.
Nem preciso falar das atuações monstruosas, né?
Não foi a primeira vez que vi, mas foi muito melhor!
Como um microverso de desejo que deve se manter sempre escondido, revelado apenas nos espaços internos e, mesmo neles, há mais a tentação do que a expressão plena.
Nesse sentido, a câmera que transmite esse desejo através do olhar é explícita e, mesmo nas tomadas externas, opta por encarar os personagens (muitas vezes num plongee) do que apreciar a paisagem.
Nesse ato de olhar, as ações ganham significados e analogias que se transformam conforme a relação entre os protagonistas evolui,…
A infância apagada por um mundo adulto esmagador que não parece enxergar na criança a figura de um indivíduo.
Com uma história simples, Kiarostami percorre o espaço de forma crua e realista, revelando uma realidade de miséria e automatismo do trabalho, ao mesmo tempo em que acompanhamos um dos poucos seres dotados de imaginação - uma criança que não foi ainda reduzida pelo sistema - numa missão de nobreza única, cujo o sonho oculto é de ser mais do que aquilo que o obrigam a ser.
Uma obra-prima!
Eu acredito que talvez exista um bom filme soterrado pela bagunça caótica de "Tudo em Todo o Lugar Ao Mesmo Tempo". Esse caos, inclusive, não é exatamente o meu problema com a obra. Na verdade, ele até me parece muito bem trabalhado junto ao drama no primeiro terço do filme. Acompanhamos uma mãe de família e trabalhadora que tem que se desdobrar para lidar com o seu empreendimento, seu casamento e sua filha. Novas problemáticas surgem a cada instante e…
