Crítico de Cinema e Professor
Clube do Leão | Curso Online
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O filme carrega essa espirituosidade idealista que, como tal, fica desviando de qualquer olhar racionalista que o espectador possa entregar. Os movimentos super calculados impedem os encontros (o cálculo afasta) e cria essa esperança por um romance não contemplado. O mais legal, porém, é como Jacques Demy resolve os arcos de Solange (Françoise Dorleac) e até mesmo Yvonne (Danielle Darrieux) criando desencontros ao de Delphine (Catherine Deneuve). O ideal é mesmo parte do campo das ideias… ou não?
É como se o Godard tivesse entendido o amor no cinema: uma sequencia de pedaços descontínuos que, ao final, ganham um valor incompreensível pelo tangível. É como se houvesse, portanto, a decisão de mostrar o intangível pela tangibilidade do cinema. Mas se o amor é intangível e o cinema tangível, que seja descontínuo: como o amor.
Faz tempo que não vejo um filme com uma construção de planos tão lindos e minuciosos como em Metamorfose dos Pássaros. Se Pasolini teorizou o que chamou de Cinema Poesia, deveria ter visto isso aqui. Amor, poesia e paisagem.
Catarina Vasconcelos parece encontrar sua encenação em algum lugar entre Agnès Varda e Kieslowski. Uma Agnès Varda menos impetuosa, com planos mais esticados e contemplativos em razão desse belo encontro com Kieslowski. Um Kieslowski porque dessa beleza contemplativa Catarina Vasconcelos encontra…
A tragédia brasileira do samba uma única vez cantado. A história de um homem invisível, acorrentado por sua condição e cheio de talento jamais descoberto. A beleza clássica de um realismo nacional dentro de uma estrutura de descontinuidades espaciais, pontuações bem definidas e tempos ensaiados.
Dentro desse que é um dos filmes mais lindos de nosso cinema, duas cenas se destacam. Em primeiro lugar quando nosso personagem canta seu samba para Ângela Maria. Nelson Pereira dos Santos deixa sua câmara…