Esse mês foi bom demais (pelo menos no quesito dos filmes que eu pude assistir): comecei o mês assistindo tudo o que encontrei do Nathaniel Dorsky, mas Pneuma e Alaya foram os dois filmes que mais me impressionaram. Dorsky aqui se importa com o ínfimo, com a pequenez (e também com a grandeza). Os grãos da película e os grãos da areia.
Vi alguns filmes do Edgar G. Ulmer, todos muito bons: The Naked Dawn e Damaged Lives me chocaram profundamente. O primeiro é o western mais safado que eu já vi; o segundo, um romance de terror sobre as doenças venéreas. Os dois são filmes absurdos, realizados a partir de muita economia narrativa.
Vi Morocco, uma obra-prima absoluta, uma…
Esse mês foi bom demais (pelo menos no quesito dos filmes que eu pude assistir): comecei o mês assistindo tudo o que encontrei do Nathaniel Dorsky, mas Pneuma e Alaya foram os dois filmes que mais me impressionaram. Dorsky aqui se importa com o ínfimo, com a pequenez (e também com a grandeza). Os grãos da película e os grãos da areia.
Vi alguns filmes do Edgar G. Ulmer, todos muito bons: The Naked Dawn e Damaged Lives me chocaram profundamente. O primeiro é o western mais safado que eu já vi; o segundo, um romance de terror sobre as doenças venéreas. Os dois são filmes absurdos, realizados a partir de muita economia narrativa.
Vi Morocco, uma obra-prima absoluta, uma das maiores histórias de amor.
Para encerrar o mês, pude assistir dois documentários sobre a vida e a morte. Silverlake Life: The View From Here (Tom Joslin, Peter Friedman, Mark Massi). É o filme-testamento de um homem, o filme-monumento de um amor. Parece levar o cinema ao limite, justamente pelo ato de filmar ser aqui um meio de continuar existindo.
O outro é o vastíssimo Near Death, de Frederick Wiseman, filme passado na ala da UTI de cuidados respiratórios de um hospital. Acompanhamos os doentes terminais, seus parentes e os médicos: as conversas, os dilemas morais, os conflitos. A morte acontece quase nunca e quase sempre. A subjetivação dos pacientes é muito complicada, seja porque não conseguimos ver direito seus rostos (estão entubados), seja porque não conseguem expressar-se (mal conseguem falar). A subjetivação destes pacientes é feita, principalmente, pelas conversas entre os médicos e os membros da família. Os doentes, neste filme, são mais individualizados pelo discurso das pessoas que os rodeiam do que por suas próprias presenças físicas. Estão quase vivo e quase mortos...