Ao longo do primeiro mês de 2021, viajei por algumas filmografias muito interessantes, como a de Emmanuel Mouret. O primeiro filme que vi dele, Promène-toi donc tout nu, me causou uma belíssima impressão. Mais um filme de "franceses na praia", este Mouret é um pequeno filme (nem curta, nem longa) em que as personagens acabam entrando de cabeça em pequenos joguinhos que acabam por movimentar toda a história. Há uma influência gigantesca de Rohmer que permeia o filme todo, como é óbvio.
Porém, os fimes do Mouret após este aqui me decepcionaram bastante. O melhor deles é Venus et Fleur, mas mesmo assim não é nada excepcional (não o colocarei nesta lista). Consigo entender o fascínio que a sua trinca…
Ao longo do primeiro mês de 2021, viajei por algumas filmografias muito interessantes, como a de Emmanuel Mouret. O primeiro filme que vi dele, Promène-toi donc tout nu, me causou uma belíssima impressão. Mais um filme de "franceses na praia", este Mouret é um pequeno filme (nem curta, nem longa) em que as personagens acabam entrando de cabeça em pequenos joguinhos que acabam por movimentar toda a história. Há uma influência gigantesca de Rohmer que permeia o filme todo, como é óbvio.
Porém, os fimes do Mouret após este aqui me decepcionaram bastante. O melhor deles é Venus et Fleur, mas mesmo assim não é nada excepcional (não o colocarei nesta lista). Consigo entender o fascínio que a sua trinca de comédias do final dos anos 2000 causa (Changement d'adresse, Un baiser s’il vous plaît, Fais-moi plaisir!), mas acho três filmes muito desconjuntados, sem graça, fracos mesmo. Ainda não terminei de ver seus filmes, mas me parece que é a partir de L'art d'aimer que seu estilo se adensa e amadurece, talvez por deixar de lado a comédia nua e crua e começar explorar toques melodramáticos. Me parece que esta união é muito mais bem conseguida do que a inserção de Mouret como um realizador-ator que tenta agir como Tati ou Lewis. Esse filme, L'art d'aimer, é uma jóia. Não consigo pensar em outro filme composto por pequenas histórias que me encantou tanto. O curioso, aqui, é a falta de equilíbrio ao longo de todo o filme: algumas histórias tem uma metragem mais longa, outras mais curtas, algumas voltam a aparecer eventualmente, outras não. Essa falta de equilíbrio parece-me essencial para o desenvolvimento do filme. Dito isto, os próximos dois filmes do Mouret que vi valem a citação: Une autre vie e Caprice, o primeiro um melodrama incrível; o segundo uma comédia aparentemente "tranquila", mas foi o assistindo que derrubei algumas lágrimas. Vai entender.
Tenho assistido aos filmes do Nanni Moretti há um tempo, mas neste mês assisti duas verdadeiras obras-prima: Caro Diario e O quarto do filho. Dois filmes incontornáveis, fabulosos, maravilhosos. Reassisti o Aprile, também, que considero outra obra-prima.
Agelastos Petra, o documentário de Filippos Koutsaftis, é um filme de que deveria ser mais comentado, assistido, discutido. Me deixou de queixo caído.
Além disso, vale a pena citar o último dia do mês, em que vi três filmes maravilhosos do Vittorio De Seta e um filme gigantesco de Peter Watkins, chamado Edvard Munch. O som do pincel contra a tela, o cheiro do óleo, o céu vermelho. Tateamos seus quadros, minha nossa senhora. Fascinante. Um filme que você não sabe o que fazer com ele, onde colocá-lo, qual das caixinhas da cabeça que melhor lhe cabe. A resposta, acredito, é nenhuma. Nunca assisti nada parecido a Edvard Munch. Acho que vale a pena encerrar esta entrada no diário com esta citação do filme: I felt as if there were invisible threads between us. I felt as if invisible threads from her hair still twisted themselves around me. And, when she completely disappeared there, over the ocean, then I felt still how it hurt, where my heart bled, because the threads could not be broken.